John B. Thompson destaca em seu livro A Mídia e a Modernidade uma teoria interessante: a Teoria Social – criada para analisar o impacto social dos meios de comunicação na sociedade. Para o autor, a produção e a interação de conhecimentos e de conteúdo simbólico fazem parte da sociedade desde os tempos remotos. Claro que a necessidade do ser humano de se comunicar sempre existiu, e isso não é nenhuma novidade. Nas civilizações primitivas as formas de comunicação poderiam ser tanto oral quanto por demonstrações simbólicas. Evidentemente a palavra desempenhava um papel fundamental nessa época, pois a comunicação era restrita, visto que o conhecimento e a difusão de informações eram limitados em termos geográficos, isso porque a interação face a face era a que predominava entre as pessoas naqueles tempos.
Mas no século XV, com o nascimento da escrita e, posteriormente, da impressão, essa restrição geográfica foi erradicada pelo desenvolvimento comunicacional que prometia trazer mudanças. E não deu outra: as técnicas de impressão permitiram a possibilidade de propagação de palavras escritas, notícias, conhecimentos e infinitas informações fazendo com que os indivíduos pudessem interagir não só com a interação face a face, mas também com a palavra escrita.
A sociedade já começava a sentir as transformações no modo de se comunicar a partir do desenvolvimento dos meios de comunicação. A análise central do livro de Thompson é justamente essa: como a mídia modificou a interação entre os indivíduos? Qual é o papel da mídia na formação das sociedades modernas? E quais são os principais impactos sociais e conseqüências que os meios de comunicação trouxeram para a sociedade?
Thompson distingue três formas de interação: a face a face (que seria a forma tradicional dos indivíduos de se interagir), a mediada (ou seja, as pessoas conseguem se comunicar por um meio de comunicação, por exemplo, o telefone) e a quase mediada (isto é, os indivíduos apenas recebem as informações dos meios massivos – como livros, televisão e rádio – não tendo como interagir. É como se os meios tivessem apenas uma direção e fossem desprovidos de reciprocidade).
De acordo com o autor, a relação entre o espaço e o tempo também sofrem mudanças, devido à possibilidade de distanciamento. Isso significa que a informação não é mais limitada como antigamente, pois qualquer evento ou notícias podem ser gravadas e exibidas para quem está longe de determinado lugar em que os fatos acontecem.
“Todas as formas de comunicação implicam um certo grau de distanciamento espaço temporal, certo grau de deslocamento no tempo e no espaço. Mas a extensão deste deslocamento varia grandemente, dependendo das circunstâncias de comunicação e de tipo de meio técnico empregado”. (THOMPSON, p. 28).
Larissa Araújo.®